terça-feira, 15 de julho de 2014

I - Amor Obscuro

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Acordo de um súbito, com a claridade do Sol que entra pela janela batendo na minha cara
Olho em volta e já sei o que me fez acordar: meu despertador barulhento. Olho a hora e são 06:30 da manhã. Vou me arrastando até o banheiro, ligo o chuveiro e entro embaixo d'água rapidamente para despertar. Sinto a agua gelada escorrer pelo meu corpo, levando com ela toda minha indisposição e preguiça, porque hoje vou precisar de muita garra pra aturar minhas horas de trabalho na Newman Marcus. Nessa época de férias a loja costuma a lotar de madames. É preciso muita paciência. -Bem feito Gomez, quem mandou entrar nesse empreguinho temporário ao invés de trabalhar com o que gosta sua idiota!– Grita o meu inimigo chamado subconsciente. Resolvo ignora-lo e não começar o dia de mal humor.

Saio do banheiro e me arrumo para mais uma batalha de moda com as peruas. Sorrio só de pensar nas madames eufóricas com coisas banais, denominadas de roupas. Ainda bem que é meu ultimo dia na loja, pois meu contrato temporário chega ao fim hoje, aí poderei exercer minha profissão.

Já até arrumei outro emprego na editora Seattle Independent Publishing (SIP). Phill, um grande amigo e gerente geral das redes de livrarias dessa editora, me indicou para um amigo seu chamado Jack Hyde que trabalha nessa editora. E como trabalho todos os sábados em uma dessas livrarias, na qual Phill aparece mais, ele sempre observou bem meu amor por livros e o empenho que tenho nesse trabalho, mesmo que seja apenas aos sábados.

Phill sempre me importunou, dizendo que podia dar uma mãozinha na minha carreira, mas nunca aceitei. E cabeça dura que sou sempre quis começar por baixo. Mas como sempre meus amigos adoram se meter em minha vidinha e com Phill nao é diferente, um belo dia fui pega de surpresa com um telefonema da editora SIP querendo marcar uma entrevista comigo. Na hora soube que tinha dedo do Phill. Depois de muito me aborrecer com a intromissão de Phill e muitas desculpas dele, eu aceitei fazer a entrevista. Ele ficou contentíssimo com minha decisão, pois achava que estava desperdiçando meu diploma em uma simples livraria.

Segundo suas palavras, eu merecia crescer profissionalmente, pois tenho muito a oferecer com minha habilidade com os livros. Em termos ele está certo, pois estudei para isso. E como começo no novo trabalho daqui a duas semanas, terei uma mini férias, enfim descansarei e terei tempo pra curtir com meus amigos, mesmo que sejam poucos. Depois de hoje é só relaxar. Sorrio com o pensamento. Graças a Deus nessa área minha vida pelo menos esta dando sinal de vida né.  Acabo de me arrumar e vou para cozinha arrumar meu café da manhã e o de Demi né, já que ela é uma negação na cozinha.

Chegando na cozinha, me deparo com a cena mais assustadora de todos os tempos. Minha melhor amiga que divide o apartamento comigo, Demi está prestes a botar fogo no apartamento, tentando fazer um café da manhã digno e um ser humano qualquer. Chego mais perto da bancada e observo cada movimento de Demi até que ela dá por si e me enxerga no meio do fumaçeiro que é a cozinha nesse exato momento. Quando olho pra cara dela não me contenho mais e solto uma gargalhada alta, que eu acho que o prédio inteiro ouviu. Ela me olha de cara feia, mas mesmo assim não paro de rir.

– Gomez, quer parar de rir de mim? - Diz ela, alterada.

Paro de rir na hora e vou ao seu encontro ajuda-la antes que seja preciso os bombeiros entrar e apagar um incêndio.

– Demi, porque não me esperou, sabe que esse lance de cozinha fica comigo, já que você e a cozinha não são as melhores amigas. - Digo, tentando não rir.

Felizmente ela entende o que eu quero dizer e vai colocar os pratos na bancada. Consigo consertar o que ela estava fazendo e logo começamos a tomar o café.

– Que droga Demi! Agora vou ter que subir e trocar de roupa, se não chegará enfumaçada no trabalho. - Tento me fazer de brava, mas falho na tentativa, dando lugar as gargalhadas novamente. Ela me olha séria por um instante e logo cai na gargalhada junto comigo.

Terminamos o café e Demi tira a mesa enquanto eu subo para tocar de roupa. Ainda bem que temos dois uniformes, cada vendedora. E apesar de ser um uniforme ele até que é bonitinho composto por uma saia preta, uma blusa social branca com a etiqueta da loja e um lencinho vermelho amarrado no pescoço. Calço meus scarpins pretos novamente e solto meus cabelos, deixando-os cair em ondas por minhas costas até a cintura. Vou até o espelho e me sinto bem, pelo menos hoje meus olhos azuis não estão tão imensos como de costumes.

Desço e Demi já me espera na porta de cara feia.

– Anda logo Gomez, hoje esta mais lerda do que de costumes. - Ela solta uma risadinha. Mostro a língua pra ela. – Quanta maturidade Selly. - Ela diz.

– Você sempre diz isso, aff. - Digo e reviro os olhos.

– E você sempre mostrando essa língua afiada para os outros. - Ela rebate.

– Quem tem língua afiada aqui? - eu pergunto com os olhos arregalados.

– Você ora. - Ela ri. Reviro os olhos novamente e entramos em seu carro.

Graças que ela vai me dá carona hoje, pelo menos não gasto com o taxi, já que meu fusquinha resolveu morrer de vez. Faço bico com o pensamento e ela percebe.

–Selly, o que foi pra você está de bico a essa hora da manhã?

– Ah tô pensando no meu fusquinha. - Faço bico novamente.

– Ah esta falando daquela lata de sardinha que você chama de carro? - Ela ri.

– Ah qual é Lovato, meu fusquinha é da hora vai, e você ama o Wandinha também que eu sei. - Sorrio

– Até parece, por mim você já teria jogado aquela lata velha em um ferro velho qualquer viu. Aquilo ali que você chama de carro é um perigo não só pra você mais pra humanidade também, sabia dona Ana? - Ela diz, enquanto para o carro em frente ao meu trabalho. Viro-me pra ela antes de descer, dou um beijo na sua bochecha.

– Valeu pela carona amiga, e pare de falar mal do meu Wandinha tá. - Mostro a língua de novo. Ela balança a cabeça.

– Você tem que parar com isso? - Ela diz.

– Com isso o que? - Eu pergunto sem entender.

– Com esse lance de mostrar essa língua afiada e achar que Wanda é um carro. - Ela diz e cai na gargalhada. Mostro a língua de novo e saio do carro rindo. Fecho a porta e quando me viro ela me grita.

– Ana, vai querer que eu te busque mais tarde ? - Ela diz

– Ah não precisa não, David vai passar aqui na hora da saída e eu vou pra casa com ele. - Digo

– Hum, quer dizer que esta rolando entre vocês dois né? Safadinha. Quem sabe hoje você não perde a virgindade?! - Ela grita e eu ruborizo na hora, me aproximo do carro rapidamente e olho de cara feia pra ela.

– Quer parar de gritar sua maluca, e você sabe muito bem que não sou mais virgem. E mesmo se fosse isso não é coisa que se grite na rua. - Digo com a cara séria, mas ela nem parece ligar.

– Ah para Gomez, o que aconteceu com você foi um barbaridade e pra mim você continua sendo virgem. E oh. já está mais que na hora de você vencer esse trauma e vocês se pegarem. O gato é louquinho com você. - Ela diz e sorri maliciosamente.

Mostro a língua e saio antes que ela resolva colar David e eu na mesma cama. Também não quero ficar relembrando meus traumas passados.

Vou caminhando em direção a loja e sorrindo com o pensamento. David e eu na mesma cama, até que não é tão mal assim. Não sinto amor por ele, mas sinto um carinho enorme e já está mais que na hora de perder esse medo bobo de me entregar para alguém, Demi tem razão, preciso dar um jeito nisso. Mas resolvo guardar esse pensamento pra mais tarde já que dou de cara com minha chefa de cara amarrada. Resolvo ignorar sua cara de baranga encalhada.

– Bom dia Marion. - Digo

– Bom dia Selena. - Ela diz azeda como sempre.

Vou em direção ao meu armário e guardo minha bolsa. Volto para meu posto de vendedora e logo atendo duas madames que estavam esbanjando seu respectivo dinheiro. Até que são agradáveis. Mostro uma porção de roupas, sapatos, bolsas de grifes e tudo o que tem de direito na loja. E assim se vai 3 horas do meu dia de trabalho.

{...}

Chega a hora do almoço e minha colega de vendas Caroline Action vem em minha direção.

– Selena, você pode trocar a hora de almoço comigo e ficar no setor masculino? - Ela me pede com uma carinha de fome e eu cedo, já que não com tanta fome assim.

– Tudo bem Carol, vai lá e bom almoço, mas só avise a azeda antes. - Eu digo e ela ri. Azeda é o apelido carinhoso que nós duas colocamos na nossa querida chefinha.

– Tudo bem, eu aviso, ainda mais que hoje ela ta com o cão no corpo. - Ela faz careta e eu sorrio.

Vou em direção a ala masculina da loja e encontro um montinho de roupas e resolvo colocar no lugar já que não tem nenhum hoje por aqui. Estou absorta na minha tarefa quando sinto alguém me observar minuciosamente. Fecho os olhos e imploro a Deus que não seja minha querida chefinha. -Aquela demônia–, resmunga meu subconsciente e dessa vez eu concordo com ele. Viro-me lentamente de olhos fechados, tomando coragem para enfrentar a fera, seja lá o que for que ela queira agora. Abro os olhos e me deparo com um par de olhos cinza brilhante me olhando. Eu disse me olhando?! Quis dizer, me comendo com os olhos. Ruborizo na hora e tento argumentar algo, mas por incrível que pareça estou igual a uma estátua sem saber o que dizer o que fazer. A única coisa que faço e ficar olhando fixamente a maravilha que vejo a minha frente. Ele também não diz nada, só me encara, prendendo meu olhar no seu. Só voltamos ao normal quando somos interrompidos por uma mocinha falante que aparece pra falar com ele. Ele volta sua atenção para ela e é aí que ela percebe que estamos nos encarando e sorri maliciosamente, não sei por quê. Engulo em seco meu nervosismo e me aproximo do jovem casal que vejo.

– Olá boa tarde, em que posso ajuda-los? - Pergunto olhando diretamente para a mulher, pois tenho certeza que se olhar novamente para esse deus grego, vou gaguejar e pagar mico.

– Boa tarde. - Ele olha no meu crachá - Srta. Gomez?! - Ele diz meio que me perguntando.
Resolvo mudar minha posição e voltar ao que sempre fui faladeira e alto astral com os clientes. E é por isso que atendo muitos clientes nessa loja, graças ao meu bom humor. Não vou deixar me abater por um homem qualquer. -Divino, gostoso, e sexy– Ronrona minha deusa interior. Resolvo ignora-la também.

– Sim, Selena Gomez– Respondo sorrindo o meu sorriso que só dou para clientes.

A moça que está ao lado dele vem em minha direção, me abraça e me beija as bochechas, já se apresentando.

– Olá sou Vanessa Jonas, a irmã dele, mas pode me chamar de Nessa. - Ela dá uma ênfase na irmã e eu sorrio dando três pulinhos de alegria mentalmente. - Adorei seu nome. Selena é um nome lindo, um nome de princesa - Ela se afasta e olha pra o homem ao seu lado, sorrindo maliciosamente e completa. – Não é mesmo Nicholas? - O homem ao seu lado não diz nada, só me encara e eu me sinto desconfortável.

Nessa só nos observa atentamente até que finalmente o homem ao seu lado, se aproxima lentamente de mim e olha nos meus olhos.


– Olá, eu sou Nicholas Jonas. - Ele diz com uma voz rouca e baixa, prendendo meu olhar no seu. Estendo minha mão para ele que a pega, leva até os lábios e a beija, transmitindo um tremor pelo meu corpo, suspiro internamente. -Ai Jesus, que homem é esse em Gomez!– Sussurra minha deusa interior. Ruborizo completamente com a tal audácia dela e acho que ele nota, pois sorri triunfante. -Ai hoje o dia promete– Grito internamente.





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Creditos Angel

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