quarta-feira, 20 de agosto de 2014

XXV - Amor Obscuro

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Voltamos para o hotel, após várias horas de sexo no mar e graças a Deus a praia estava deserta. Nicholas não tem controle quando o assunto é sexo. Pelo visto para ele não tem hora e nem lugar. Ele é insaciável e está me deixando da mesma maneira, pois não consigo resistir quando ele me toca, do jeito que só ele sabe. Assim que chegamos, fomos tomar nosso banho e depois arrumamos nossa mala. Bem, na verdade eu arrumei minha mala, já que a de Nicholas já estava arrumada. Ele é muito certinho e suas coisas estão sempre impecáveis, enquanto que as minhas estavam uma zona. Baguncei minha mala toda durante esses três dias, mas pelo menos valeu a pena já que Nicholas me ajudou a arrumá-la entre beijos e amassos.
Depois das malas feitas, resolvo colocar uma roupa bem confortável para o voo. Coloco meu cardigã por cima, já que odeio ar condicionado de avião.
Morro de frio. -Até parece que com Nicholas por perto, passaremos frio né! - Minha deusa interior sorri amplamente por cima de suas lentes, enquanto lê seu exemplar de Thomas Hardy. Ai como eu gosto de não sentir frio com ele. Sorrio perdida em meus pensamentos insanos.
– Um milhão por seus pensamentos. - A voz de Nicholas me tira de meus devaneios. Olho para ele e sorrio. Ele então se aproxima de mim e me abraça pela cintura, dando-me um beijo casto nos lábios em seguida. – Vamos? - Pergunta e assinto de cabeça.
Assim saímos do quarto e logo encontramos Joseph, Demi e Zac no saguão do hotel. Depois de jantar, me despeço de meus amigos com abraços e beijos, sob o olhar de reprovação de Nicholas. Resolvo ignorar sua paranoia e logo partimos para o aeroporto.
Chegamos ao aeroporto, jato de Nicholas já está na pista a nossa espera. O piloto, que Nicholas me apresentou como Stephen já está a postos junto com as aeromoças do lado de fora do avião, logo na subida. Vejo que nossas malas estão sendo guardadas por algumas pessoas da tripulação, já que Taylor ficou em Seattle. Me surpreendi por Nicholas não solicitar sua presença, já que aonde vai o leva. Stephen vem em nossa direção e nos cumprimenta formalmente.
– Boa noite, Sr Jonas. - Ele cumprimenta Nicholas.
– Boa Noite, Stephen. - Nicholas o cumprimenta. – Essa é minha namorada, Selena Gomez. - Ele me apresenta. Então Stephen se vira para mim e sorri educadamente.
– Boa noite Srta. Gomez. - Diz formalmente e me estende a mão.
– Boa Noite, Stephen. - Pego em sua mão e ele a leva até a boca, beijando-a em um ato de cavalheirismo. Pelo canto dos olhos, vejo que Nicholas enrijecer o corpo e trincar os dentes.
– Tudo pronto pra embarcamos? – Pergunta Nicholas e logo o piloto vira sua atenção toda para ele.
– Sim, tudo pronto senhor. O avião foi reabastecido e só a espera de vocês para decolarmos.- Stephen diz, olhando diretamente pra Nicholas.
– Ótimo, então vamos? - Nicholas pergunta, se direcionando pra mim.
– Claro, vamos. – Digo sorrindo.
Assim que entramos no avião, me sento um uma poltrona com Nicholas ao meu lado. Ele se vira e certifica se o meu cinto está bem preso. Olho para seu rosto posso ver um sorriso sacana no seu rosto e sei muito bem no que ele está pensando.
– Gosta de me ver amarrada, né senhor Jonas? – Digo sorrindo.
– Você nem imagina, baby! – Diz olhando em meu olhos e me da um selinho.
Em seguida, esperamos a torre de comando nos liberar e logo o avião está na pista do aeroporto de Bridgetown. Sinto aquela sensação de pavor com pousos e decolagens me abraçar e logo pego na mão de Nicholas. Instantaneamente ele se vira para mim, encontrando com meus olhos apreensivos e abre um sorriso. Franzo minha testa ao sentir o avião correndo pela pista, fazendo-o fechar seu sorriso e me olhar preocupado.
– Selly, o que foi? - Pergunta com preocupação.
– Odeio pousos e decolagens. - Digo nervosa e ele sorri, apertando minha mão, transmitindo-me um conforto especial.
Minutos depois, a voz do piloto ecoa pelos alto-falantes, liberando-nos para transitar pelo avião. Solto a mão de Nicholas e relaxo. Ele se levanta e sai, indo em direção a parte traseira do avião. Dou de ombros e pego meu livro de Tomas Hardy, que comecei a ler na ida para Barbados, em minha mochila e continuo a ler de onde parei. Já li esse livro várias vezes e não me canso. Ele é um dos meus livros favorito. Minutos depois Nicholas volta e senta-se ao meu lado, com o semblante sério. Olho-o pelo canto de olhos e noto que está perdido em pensamentos.
– Nicholas, algum problema? - Pergunto.
Ele se vira para mim e me olha por um instante antes de responder.
– Não. - Diz, seriamente e volta a olhar para o nada.
Nossa, cadê aquele cara sorridente de alguns minutos atrás?! Sinceramente, as vezes me perco em suas mudanças bruscas de humor. Volto minha atenção para o livro e continuo a ler, até que sinto minhas pálpebras pesarem. Reluto bastante até que não resisto mais e caio em um sono profundo.

Pov do Jonas
Olho para o lado e noto que Selena está dormindo. Levanto-me e a libero de sua poltrona, pegando-a no colo em seguida. Sigo para a cabine e a coloco deitada na cama. Tiro seus sapatos e a cubro toda para não sentir frio. Deito-me ao seu lado e fico olhando-a por horas até que pego no sono.
Acordo com um tapa em meu rosto. Abro meus olhos imediatamente e noto que Selena está em um sono agitado. Sinto um aflição percorrer pelo meu corpo. Será que está tendo pesadelos?! Acordo ela ou não?! Passo as mãos pelos meus cabelos em um ato de nervoso e volto meu olhar para Selly. Me aproximo dela e acaricio seus cabelos carinhosamente e logo ela se acalma. Deito-me de lado na cama, cara a cara com ela e dou um beijo em sua testa. Quando vejo que ela já está mais calma, levanto-me e sigo para a porta, mas logo algo chama minha atenção.
– Nicholas....não me deixe.. - Ela sussurra sofredoramente em seu sono.
Paraliso na porta diante de suas palavras. Será que eu ouvi bem? Ela tem medo de me perder?! Isso não está certo, não era para ser assim! Devia me sentir feliz com isso, mas não. Levo minha mão até meu peito, ao sentir uma falta de ar insuportável. Passo a outra mão pelos cabelos e ando em busca de ar. Saio da cabine rapidamente e respiro fundo quando noto que estou fora da mesma. Que merda! Preciso dar um jeito nessa situação e vai ser a partir de agora! Peço um uísque a aeromoça e depois volto para a cabine.
Pov Selena
Acordo de um súbito e totalmente ofegante de um pesadelo em que Nicholas me deixa por causa daquela vadia platinada. Olho em volta e desconheço o lugar onde me encontro. Noto que estou em uma cama bem confortável em uma cabine de avião?! Ouço um barulho e logo direciono meu olhar ao notar a porta se abrindo. Logo Nicholas se materializa e entra na cabine.
– Já acordou. - Ele diz friamente e se senta em uma poltrona em frente a cama.
Passo a mão pelo rosto, limpando o suor de minha testa sob os olhares meticulosos de Nicholas. Ele está estranho, mais frio. Sinto-me constrangida diante de seu olhar inquisidor. Encolho lentamente até deitar na cama, mas ainda podendo vê-lo. Ai quer sabe, não vou ficar nessa mais não. Preciso saber o que está acontecendo e é agora! Levanto-me de um súbito, sentando na cama e o encaro.
– Nicholas, porque dessa frieza? - Pergunto exasperada. Ele continua a me olhar com sua expressão impenetrável. – O que está havendo? - Insisto.
– Nada. - Ele responde depois de uma eternidade.
– Eu sei é que algo. - Digo e logo tenho um lampejo do que possa ser. – Olha se for por causa do que aconteceu na viagem, não precisa ficar assim. Eu tenho.... - Digo, mas logo ele me corta.
– Durma, Selena. - Diz, me olhando fixamente.
– Durma você. - Respondo petulante. Ele arqueia as sobrancelhas em surpresa e balança a cabeça negativamente para meu gesto, em seguida. Depois de um tempo ele bufa e se levanta da poltrona.
– Tem razão. - Diz, caminhando até a cama. Acompanho seus movimentos minuciosamente com seu olhar no meu. – Estou cansado e logo terei que trabalhar. - Diz e se deita na cama, ao meu lado. – Venha, baby. - Diz, ao me ver ainda sentada na cama. Deito-me na cama novamente e ele se deita em cima de mim. – Durma bem. - Ele me dá um selinho e se aninha em meu peito, me abraçando com força.
Olho-o embasbacada. O que foi isso?! Resolvo ignorar esse breve momento e acaricio seus cabelos sedosos, pegando no sono novamente.
***
Acordo com uma fresta de claridade batendo em meu rosto e abro meus olhos lentamente. Olho a minha volta e noto que estou em meu quarto. Como vim parar aqui?! Minha pergunta interna é respondida quando vejo Nicholas saindo do meu banheiro, vestido em um terno de risca de giz azul marinho.
– Bom dia. - Ele diz.
– Bom dia. - Respondo com a voz embargada, pelo sono. – Como vim parar aqui? - Pergunto confusa.
– Você estava dormindo tão serenamente que resolvi não acordá-la. - Ele diz.
Pulo da cama e cambaleio até a ele, parando em sua frente. Olho-o por um momento e solto um suspiro. Vou até a gaveta, destrancando-a e pego contrato. Volto para ele e entrego-lhe. Ele percorre o papel com os olhos e volta seu olhar para mim, olhando-me assustado.
– Está assinado. - Digo e ele folheia até a ultima pagina, certificando o que acabo de dizer.
Vejo seu sorrio se abrir lentamente e seus olhos brilharem com uma emoção diferente. Reviro meus olhos e sigo para a cozinha para fazer o café. Ele logo vem atrás de mim e senta-se no banco, debruçando-se sobre a bancada.
– Baby, não poderei ficar para o café. - Olho-o e vejo que espera minha resposta. Assinto de cabeça e assim ele respira aliviado. – Bem, nos vemos no fim de semana, então? - Pergunta.
– Esse é o combinado, não é?! - Digo simplesmente.
Ele me olha por um momento e acho que vai dizer algo, mas logo desiste e se aproxima de mim.
– Então tá. Até, baby! - Diz, me dando um beijo casto nos lábios e assim se vai pela porta.
Solto um suspiro cansado, olhando para a porta. Sacudo minha cabeça e começo a tomar meu café sozinha. Em seguida lavo a louça e passo o resto do dia arrumando minhas coisas. Logo a noite chega e novamente faço minha refeição sozinha. Bem que ele poderia ter ficado! -Selena, acorde! Ele não é seu namorado de verdade! - Meu subconsciente chama minha atenção. Bufo e sigo para o banheiro, tomo meu banho em seguida e me jogo na cama com tudo. Demoro horas a pegar no sono com as lembranças da viagem e imaginado como será daqui para frente. Depois de tanto pensar, acabo caindo em um sono profundo.
***
Acordo com meu despertador tocando a todo vapor. Levanto-me ainda com os olhos fechados e sigo para o banheiro. Faço minha higiene matinal e sigo para cozinha, enrolada em um roupão, para fazer meu café. Olho pela janela e vejo uma bela manhã ensolarada de terça feira. Tomo meu café tranquilamente enquanto vejo o noticiário pela televisão. Lavo as louças do café e logo o interfone toca. Corro para ver o que é.
– Pois não. - Atendo educadamente.
– Entrega para senhorita Selena Gomez! - Uma voz masculina diz do outro lado. Lembro-me imediatamente do meu carro que chegará hoje. Ué, mas é só a tarde!
– Tudo bem, já estou descendo. - Digo e coloco o interfone na parede.
Me arrumo rapidamente, ajeitando meu cabelo e colocando uma roupa apresentável. Assim que vejo que estou bem, desço as pressas. Abro o portão do prédio e logo vejo o entregador.
– Senhorita Gomez ? - Ele pergunta.
– Sim, sou eu mesma. - Digo.
– Assine aqui por favor. - Ele diz, me entregando a prancheta com o papel. Assino e logo devolvo-lhe a prancheta. – Bem, aqui está a papelada e as chaves do carro. - Ele me entrega as coisas e se vira para trás. – É um belo carro. - Diz e direciono meu olhar para onde ele está olhando.
Franzo o cenho na hora em que me deparo com um Audi A3 vermelho. Ué, esse não é meu carro!
– Olha, está havendo algum engano, pois esse não é meu carro. - Digo e ele se volta para mim de um súbito.
– Não? - Afirmo com a cabeça.
– O que eu compre foi um New Beetle e não um Audi A3. - Digo seriamente. Ele olha na prancheta novamente.
– Estranho, aqui diz que esse é o carro da senhorita. - Ele diz e me olha.
– Não é mesmo! Eu não comprei esse carro, já disse. E ele não pode está endereçado a mim se eu não o comprei. - Digo exasperada.
– Mas não está em seu nome, senhorita. - Ele diz, para o meu espanto.
– Como não? - Pergunto. Ele volta seu olhar para a prancheta
– Está em nome do senhor Nicholas Jonas. - Ele diz e a noticia cai como uma bomba. Olho-o embasbacada.
– Mas... co-como isso é possível ? - Pergunto, gaguejando
– Ele pediu para fazer a troca. - Diz e dá de ombros, como se desculpasse por algo. Fico estática, olhando-o indignada. – A senhorita está bem? - Sua voz entra pelos meus ouvidos, tirando-me de meu transe. Balando a cabeça positivamente – Pelo visto a senhorita não gostou muito. Alguma reclamação a fazer? Olha eu não quero perde meu emprego não. Eu preciso dele senhorita. - Diz, temeroso.
– Não. Está tudo bem, deixa que eu resolvo. - Digo e ele me olha desconfiado. Abro um sorriso para lhe confortar e parece que consigo.
– Então se é só isso, com licença.. - Diz ainda me olhando e assinto de cabeça.
– Obrigada. - Agradeço e logo ele se vai.
Viro-me enfurecida e entro no prédio como um furacão, dando de cara com Julian nas escadas.
– Ana, está tudo bem? - Pergunta ao ver minha cara.
– Não, mas vai ficar. - Digo e corro até meu apartamento.
Assim que entro dou um grito de raiva. Merda! Como ele faz isso? Ele sempre tem que estragar as coisas. Que inferno! Ah mais isso não vai ficar assim. Quero meu carro de volta e o terei, nem que para isso tenha que matar ele! Tá, matar não mas enfrentá-lo sim. E é isso que vou fazer agora. Se prepare Jonas, que estou indo fazer-lhe uma visitinha. Sorrio com minha coragem e vou para o quarto me arrumar, decidida a tudo.
Tomo um banho e me arrumo rapidamente. Coloco a papelada dentro da bolsa, minha carteira e meu BlackBerry.
Pego o endereço de sua empresa na internet e saio de casa como um furação. Assim que chego na rua, avisto um taxi e logo dou sinal, entrando assim que ele para. Passo o endereço ao motorista e minutos depois ele para em frente a JEH.
Pago a corrida e saio do taxi. Respiro fundo, ignorando a pontinha de medo que se instalou em meu interior e entro no prédio, muito bonito por sinal. Seu interior é todo em mármore bege com detalhes em dourado. Avisto uma mocinha loira na recepção e me aproximo rapidamente.
– Bom dia. - Cumprimento a loira atrás do balcão que levanta o olhar para mim e me olha da cabeça aos pés.
– Bom dia, em que posso ajudá-la? - Ela diz formalmente.
– Eu quero falar com o senhor Jonas. - Digo. Ela levanta as sobrancelhas e volta a me olhar da cabeça ao pés. Ok, isso já está me incomodando!
– Tem hora marcada? - Pergunta. Merda! Esqueci desse detalhe. Também com a raiva que estou.
– Hum.. não, mas tenho certeza de que irá me receber. - Digo e abro um sorrisinho angelical. Ela me olha com desdém e vejo a sombra de um sorrisinho de deboche em seu rosto.
– Desculpe, mas não será possível. - Diz e volta a sua tarefa, me ignorando.
Olho-a boquiaberta. Como assim?! Que grosseria!
– Hey, será você pode informar que Selena Gomez está aqui embaixo, por favor ? - Digo, me segurando para não voar em cima dela. Vadia platinada 2.0.
– Desculpe mas o senhor Jonas só atende com hora marcada. E como a senhorita não tem hora marcada, queira se retirar ou chamarei a segurança. - Ela diz com arrogância e pegando o telefone.
– Calma! Não precisa dessa grosseria. - Digo. – Espera só um minutinho. - Digo e ela me olha com desdém.
Pego meu BlackBerry na bolsa e disco o numero de Nicholas, que atende no segundo.
– Jonas. - Ele atende formalmente.
Sorrio e debruço-me no balcão, olhando para a loira que me fita com seu narizinho empinado.
– Nicholas, estou aqui embaixo no saguão, será que você pode liberar minha entrada? - Digo
– Selly, o que houve? Está com algum problema? - Pergunta preocupado.
Ah, Jonas não é bem eu que está com problemas agora! Sorrio com meu pensamento.
– Sim. - Respondo simplesmente.
– E porque não subiu ainda?! - Ele diz. – Andreia, libere a entrada da Selena imediatamente. - Escuto-o gritar com alguém ao longe. – Pode subir. - Volta a falar comigo e desliga.
Coloco meu celular de volta na bolsa e volto meu olhar para a mocinha do balcão ao escutar o telefone tocar. Ela parece escutar o que lhe dizer e arregala os olhos em minha direção. Segundos depois coloca o telefone no gancho e se volta para sim, pálida.
– Pode subir, senhorita Gomez. É no 20º andar. - Ela diz e me olha sem graça. – Desculpa o transtorno. Não irá se repetir. - Ela diz, quase com lágrimas nos olhos e abaixa seu olhar em seguida.
Franzo minha testa diante de sua expressão. Nossa o que será que ela ouviu nesse telefone? Com certeza não foi nada de bom. Ainda mais sabendo como Nicholas é. Estranhamente, sinto-me mal por ela. Pego em sua mão, que se encontra em cima do balcão, aperto-a e ela levanta o seu olhar assustado para mim.
– Tudo bem. Você só está fazendo seu trabalho. - Digo e ofereço um sorriso complacente.
Ela sorri aliviada e assim sigo meu caminho para o elevador. Assim que a porta do elevador se abre no andar de Nicholas dou de cara com outra loira, que está parada em frente ao elevador com um sorriso no rosto. Olho para o outro lado e vejo outra loira atrás de sua mesa. Que isso?! Um teste para o filme Legalmente loiras?! Que fixação desse homem por loiras!
– Bom dia senhorita Gomez. - A loira me cumprimenta e volto minha atenção para ela.
– Bom dia. - Respondo educadamente.
– O senhor Jonas já está a sua espera, queira me acompanhar.. - Ela sai andando e eu a acompanho, parando em frente a porta dupla, grande e de madeira clara, que vulgo ser a sala de Nicholas.
Ela abre a porta e dá passagem para mim e assim mato minhas suspeitas ao ver os cabelos acobreados do tal, por cima da poltrona, na qual ele se encontra sentado atrás da mesa cristalina. Entro e assim ela fecha a porta. Volto minha atenção para Nicholas e ele continua com sua cadeira virada de costas para mim, apreciando a bela vista de Seattle que se encontra a sua frente através de sua janela panorâmica.
– Então, o que houve? - Ele pergunta friamente. Ué, cadê o senhor preocupado de minutos antes?
– O que houve que não cumpre com sua palavra, senhor Jonas! - Digo com acidez na voz.
Ele gira sua cadeira, parando em minha frente e me olha com as sobrancelhas arqueadas.
– Não gosto do seu tom. - Diz.
– E eu não gosto que se metam em minha vida. - Cuspo as palavras em cima dele.
Ele estreita os olhos para mim em resposta. Bufo e resolvo ir direto ao ponto. Pego os papeis do carro em minha bolsa e jogo em cima da mesa dele.
– O que é isso? - Pergunta, olhando para o papel e depois para mim.
– Isso é o seu carro. Que era para ser meu né.. - Digo com falso humor na voz.
– Não gostou da cor? - Pergunta cinicamente.
Fecho os meus olhos e conto até dez, mentalmente. Calma Selena! Muita, calma! Repito esse mantra em minha mente. Abro meus olhos e solto o ar que estava prendendo.
– Eu não gostei do modelo e da forma bruta como você me interpelou. - Digo tentando manter a calma o máximo possível.
– Não acho que um New Beetle seja seguro. - Ele diz friamente. – O A3 é mais seguro do mercado. - Diz e levanta os papel em minha direção. – Era só isso? - Diz.
Olho-o embasbacada. Não acredito no que estou vendo e ouvindo. Como ele pode ser tão... sem noção?!
– SÓ ISSO? - Grito. – VOCÊ INVADE A MINHA PRIVACIDADE E AGE COMO SE NÃO FOSSE NADA DEMAIS? - Ele me olha embasbacado. Acho que é pelo meu tom de voz.
– Pare de gritar. - Ele rosna.
– NÃO VOU PARAR MERDA NENHUMA. VOU FALAR NO TOM QUE EU QUISER! - Grito mais alto que posso.
Ele levanta de um súbito e bate em sua mesa, fazendo-me sobressaltar de susto.
– Já disse para parar se não.. - Rosna, mas o interrompo.
– SE NÃO O QUE? VOCÊ VAI ME BATER, É ISSO? FODA-SE! - Continuo a gritar e ele arregala os olhos.
– Selly.. - Sussurra.
– NADA DE SELLY. COMO VOCÊ FAZ ISSO COMIGO?! EXIJO MEU CARRO DE VOLTA! VOCÊ NÃO PODE SAIR POR AÍ E FAZER O QUE ACHA, JONAS. PORQUE NÃO DISSE PARA MIM A SUA OPINIÃO SOBE O CARRO? ALIÁS, COMO VOCÊ FICOU SABENDO DISSO? ESTÁ ME SEGUINDO? - Olho-o assustada ao ver a confirmação em seu olhar. – AI MEU DEUS! VOCÊ NÃO TEM LIMITES. - Levo minhas mãos até a boca e ele continua com seu olhar fixo em mim. – NICHOLAS, VOCÊ PRECISA DE UMA CONSULTA URGENTE COM SEU PSICÓLOGO! ISSO NÃO SE FAZ. - Aproximo-me da mesa e apoio minha duas mãos na mesma. – VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE VOCÊ FEZ? DO QUANTO ESSE CARRO É IMPORTANTE PARA MIM?! MERDA! - Bato na mesa e abaixo minha cabeça em busca de ar.
Sinto as lágrimas sair involuntariamente de meus olhos. Estou exausta, é sempre a mesma coisa.
– Baby, você disse que iria compreender esse meu jeito. - Ele diz baixinho.
– Eu sei, mas é sempre assim. - Levanto meu olhar para ele. – Você nem me perguntou se eu gostaria ou não do carro. - Sinto mais uma lágrima descer. Hoje estou tão emotiva, deve ser a tpm.
Me jogo na cadeira que se encontra atrás de mim, levo minhas mão até o rosto, tentando normalizar minha respiração. Ouço seus passos ecoar pelo chão e logo sinto sua mão em meu ombro. Tiro minhas mãos do rosto e vejo-o sentado na cadeira ao meu lado.
– Não precisa chorar, baby! - Diz com a testa franzida.
– Eu sei, acho que é a tpm. - Digo, secando o rosto. Olho para ele e vejo-o sorrir. – Está rindo de que? - Pergunto, confusa.
– Você e a sua tpm. - Franzo mais a testa. – Não é uma coisa que eu saiba lidar. Aliás, é a primeira vez que vejo alguém tem um ataque assim. - Diz, agora sério.
– Hum.. - Digo.
– Está mais calma? - Assinto de cabeça. – Quer uma agua, um suco, um café? - Pergunta.
– Agora que você me oferece isso? Depois que estou mais calma?! - Digo e não contenho o riso.
– É, fiquei sem ação ao ouvir você gritar coisas inoportunas como.. te bater.. - Diz seriamente e enrijeço na hora.
– Não falei nesse sentido. - Digo e ele continua a me fitar sério.
Abaixo o olhar para minhas mãos entrelaçadas no meu colo e depois do que me parece ser uma eternidade, ele quebra o silencio instalado no recinto.
– Vou trocar o carro. - Ele se levanta e ajeita o palito, com os olhos em mim. Levanto-me e me ajeito para ir embora. – Depois, quero saber por que da escolha desse carro. - Diz, me olhando com a testa franzida.
– Bem, então já vou. Obrigada pela compreensão senhor Jonas. - Sorrio cinicamente e viro-me para sair da sala quando sinto sua mão me puxar pelo braço, fazendo-me ir ao seu encontro.
– Está faltando algo. - Olho nos seus olhos e vejo-o escurecer fervorosamente.
– O que? - Digo baixinho.
– Isso. - Diz e toma meus lábios em um beijo agressivo e sensual.
Ele passa um braço seu pela minha cintura, me apertando contra si e logo sinto sua ereção crescente encostar em minha barriga. Ele escorrega com sua boca pelo meu queixo, distribuindo beijos até minha orelha, desce mais até meu pescoço e dá uma mordida que atinge em cheio em meu interior.
– Nicholas, preciso ir. - Sussurro com a voz embargada.
– Não precisa não. - Diz e continua sua tortura de beijos. Afasto meu rosto dele e logo ele para, me olhando furioso. – Ainda vou te comer em cima da minha mesa, Selena. - Diz com promessas em sua voz.
Sinto um calor repentino passar pelo meu corpo, diante de suas palavras e ele abre um sorriso ao perceber meu desconforto. Ele faz isso de propósito. Filho da puta!
– Bem, foi um prazer conversar com você, baby!- Sorrio, pisco com um olhos e sigo para a porta.
Ele se adianta e abre a porta para mim e me acompanha até o elevador. Pela minha visão periférica, vejo as loiras me olharem embasbacadas. Logo o elevador chega e entro com tudo nele, virando de frente para Nicholas.
– Até mais, baby! - Ele diz, me olhando fixamente.
– Até. - Digo e assim o elevador se fecha.
Saio do prédio feliz da vida com minha conquista ou melhor minha reconquista do carro e sigo para casa.

***
O restante da semana passou lentamente, comigo em minha solidão. Não tive contato com ninguém a não ser meu vizinho Julian, que volta e meia me fazia companhia nas corridas matinais. Passei a quarta e a quinta decidindo o que comprar de presente para Nicholas. O que dá a uma pessoa que tem tudo? Então é uma tarefa super, hiper, mega difícil. Andei os dois dias pelo shopping até que decidi por uma coisa banal, mas que marcou nossa estranha relação. Chega a sexta-feira e resolvo fazer uma faxina no apartamento pela manhã, depois que chego da corrida. Acabo antes das duas da tarde e tomo meu banho rapidamente, pois marquei de ir ao mercado ajudar Julian com suas compras. E assim aproveito e faço as compras de casa já que está faltando coisas. Coloco uma roupinha bem básica e confortável, pois está um calor enlouquecedor. Geralmente não faz esse calor aqui em Seattle, mas como estamos no verão, não é tão estranho assim. Coloco meu óculos, meu chapéu e calço meus chinelos em seguida.
Assim que saio do meu apartamento, encontro Julian à minha espera na porta e assim partimos para o Pike Place Market, um dos mais antigos e tradicionais mercados públicos dos EUA. Fizemos as compras tranquilamente, claro que comigo sempre ajudando-o em tudo. Homens não servem para compras mesmo viu. Não sei porque esse resolveu morar sozinho se não entende nada sobre casa. Depois de horas fazendo compras no Pike Place Market e andar pelo mercado, Julian parou em uma floricultura ali mesmo e comprou um buquê de orquídeas.
– Para você, Selly. - Ele diz e me estende o buquê, com um enorme sorriso nos lábios. Olho-o confusa e receosa de aceitar. – Em agradecimento pela companhia e pela ajuda. - Ele completa, ao ver meu desconforto.
– Oh obrigada, mas não precisava. - Pego o buquê, e sorrio em agradecimento.
– Eu é que agradeço a companhia. Você sabia que as orquídeas representam a sexualidade e beleza feminina ? - Ele diz e ruborizo violentamente. O que ele quer dizer com isso?
Percebendo meu estado, ele não diz mais. Depois de andar mais um pouco, resolvemos voltar para casa. Voltamos para o carro dele e ele nos conduz de volta ao prédio. Mesmo sendo pertinho, Julian preferiu ir de carro para carregar as compras. Assim que chegamos, ele me ajuda a subir com as compras e o buquê. Abro a porta do apartamento num sufoco e assim entro e dou passagem para ele entrar com minhas compras, colocando-as em cima da bancada da cozinha.
– Prontinho! Está entregue. - Ele diz sorridente, passando as mãos uma na outra.
– Obrigada mais uma vez pelas flores. - Digo, pegando o buquê e cheirando-o. Hum.. que delicia.
– Obrigado você pela companhia. - Ele diz e sorri.
Em seguida ouço um pigarro e direciono meu olhar para o tal barulho. Desfaço meu sorriso assim que meus olhos e minha mente capitam o que é, ou melhor, quem é. Permaneço paralisada, observando o homem furioso que se encontra perto da bancada. Seu semblante está impassível, mas esses olhos não me enganam. Eles estampam ódio purinho. Ai meu Deus!

– Atrapalho alguma coisa? - Nicholas pergunta com sua voz gelidamente....


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Creditos Angel

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