sábado, 25 de outubro de 2014

XLI - Amor Obscuro

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– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? - Nicholas rosna, já se levantando da cama.
Oh Deus! Agora a coisa vai ficar feia. Que Taylor chegue logo dessa vez. Repito esse mantra em minha cabeça sem parar.
– Lincoln, o que você faz aqui ? - Pergunto fracamente.
– Eu fiquei sabendo o que houve e vim o mais depressa possível. - Diz tudo em um sopro só. – Você está bem, Selly ? -
– E como você ficou sabendo disso ? - Nicholas rosna, prestes a avançar em Linc.
De repente, Linc muda sua postura, e com sua frieza se vira para olhar Nicholas.
– Estava com Paul, quando Denize informou o que houve. - Responde com seu olhar glacial, fazendo-me gelar da cabeça aos pés. Em seguida se vira para mim e a preocupação volta a se acender em seus olhos. – Você está bem, minha menina ? - Pergunta novamente, para o meu completo espanto. Porque dessa preocupação toda ?
– NÃO SE ATREVA A CHAMA-LA ASSIM! - Nicholas grita e, como um furacão, avança em Linc, dando-lhe um soco no rosto.
– Nicholas... - Minha voz sai como um sussurro, tamanho é o meu espanto.
Tudo acontece muito rápido. Linc lhe devolve o soco, que pega em sua boca e tudo vira um caos. Levanto da cama rapidamente, ignorando meu corpo dolorido, que reclama sem parar, e, quando estou prestes a entrar no meio dos dois para apartar a briga, Taylor se materializa no quarto e os separa, sem ao menos tocar em Nicholas e imobilizando Linc. Entro na frente de Nicholas, quando vejo-o se aproximar de Linc e ele para.
– Nicholas, para! Por favor.. - Peço, horrorizada com a cena instalada em meu quarto. – Baby, por favor.. - Levanto as mãos para tocá-lo, olhando-o nos olhos.
Subitamente sinto uma vontade de chorar ao ver seu rosto tensionado, o maxilar cerrado, pronto para a batalha. Ele tenta passar por mim, mas assim que seus olhos se abaixam parando na altura do meu pulso lesionado, fica imóvil. Seus olhos se arregalam e pouco a pouco seu semblante volta ao normal. Quando vejo que ele está mais calmo, viro de frente para Linc e com isso Taylor o solta.
– Lincoln, desculpe se estou sendo grosseira, mas.. por favor, vai embora. - Peço.
Ele arregala os olhos por uma fração de segundos, os direcionando para Nicholas, mas logo se recupera. Engole em seco e vejo que tenta ao máximo se manter calmo.
– Primeiro me diz se você está bem ?
– Ela estava antes de você aparecer, seu babaca. - Nicholas rosna.
– Sim, eu estou bem. Obrigada pela preocupação. Agora por favor, vai embora. - Peço.
– Claro. Se precisar de qualquer coisa, não ouse em me avisar.
– Ela não precisa de nada que venha de você! - Nicholas rosna mais uma vez e viro meu rosto para olhá-lo.
– Nicholas! - Repreendo-o. Como resposta, ele cerra o maxilar e me lança seu mais temido olhar.
– Está tudo bem, Selly ? - A voz preocupada de Linc me faz voltar o rosto para ele.
– Sim, está.
Linc me olha por um instante e, franze o cenho, quando seu olhar para em Nicholas. Ele se endireita, levanta a cabeça, lança um último olhar desafiador para Nicholas e então sai, com Taylor em seu encalço. Solto a respiração, que nem sabia que estava prendendo e viro-me para Nicholas. Este se encontra na mais terrível e assombrada versão Nicholas Jonas, que eu poderia ver. Solto um longo suspiro e me aproximo dele lentamente.
– Você está bem ? - Levo uma mão até o machucando no canto de sua boca. – Precisamos colocar gelo nisso. - Levanto meu olhar à tempo de pegar o seu. – Brigando feito um moleque.. Que bonito, senhor Jonas! - Nicholas estreita os olhos, mas logo um sorriso se abre no canto de sua boca ao perceber o escárnio em minha voz. – Vem.. vamos colocar algo nesse ferimento. - Puxo-o pela mão, indo em direção a porta, mas ele logo me puxa de volta.
– Não, baby. Deixe que eu faço isso. Você precisa descansar. Ainda não esqueci o que houve com você. - Diz e gelo ao me lembrar dos últimos ocorridos. – Desculpe! Eu não queria .. - Diz desesperado ao notar minha expressão.
– Tudo bem... - Respiro fundo e tento abrir um sorriso para descontrair. – Agora quem está precisando de cuidados é o senhor. - Desconverso e o puxo novamente pela mão.
Dessa vez ele não hesita e me acompanha. Pego um saco de ervilhas no congelador ao chegar na cozinha e coloco como compressa em cima do machucado de Nicholas. O silêncio que flui entre nós dois, de repente, é ensurdecedor. Seu olhos fixados em mim me deixam mais nervosa. Posso ver as engrenagens de seus pensamentos rodando em sua cabeça e isso não é nada bom. Sei o que está pensando. Sei que precisamos falar de sua briga com Lincoln, mas não tenho coragem de pronunciar uma palavra sobre esse assunto. A dor em meu corpo aumenta e levo minha mão à cabeça ao sentir um latejo, de repente.
– Vou deitar. - Informo e saio antes dele abrir a boca.
Assim que entro no quarto, fecho a porta atrás de mim e pulo em minha cama, me cubrindo com o edredom em seguida. O que será que Linc tem na cabeça para vir aqui ? E o mais suspeito é, porque de tanta preocupação? Saio de meu interrogatório mental ao ouvir a porta se abrir e direciono meus olhos para a mesma. Vejo Nicholas adentrar o quarto e se aproximar da cama com uma bandeja em mãos.
– Trouxe a comida e os remédios que Taylor deixou em cima da bancada. - Informa ao ver minha testa franzida.
– Não estou com fome.
– Mas vai comer mesmo assim. - Diz com o cenho franzido. Permaneço deitada e ele me lança um olhar – Não comece, Selena. - Bufo e me sento na cama. Ele coloca a bandeja em meu colo e desembrulha algo que vulgo ser a comida. Logo um prato de sopa se materializa em minha frente. Depois ele pega o copo de suco que há na bandeja e estende para mim. – Primeiro tome esses remédios. - Me entrega alguns comprimidos e tomo tudo em um instante. – Agora coma. E sem reclamar. - Diz ao perceber meu olhar de negação.
Mantenho o contato visual com ele, na esperança de que desista, mas quem desiste sou eu. Derrotada e sob os olhares atento de Nicholas, começo a comer a sopa, que por sinal está deliciosa, mas não sinto fome alguma.
– Está uma delícia. - Digo e ofereço uma colherada a Nicholas, que recusa de cabeça. – Não sabe o que está perdendo. - Digo.
– Eu sei o que você está fazendo, Selena. E eu não irei comer a comida por você.
Abaixo meu olhar até minha sopa e, depois de um suspiro frustrado, continuo a comer. Pego algumas torradas que há de acompanhamento, molho-as na sopa e engulo rapidamente. Desisto de comer depois de mais três colheradas. Não tenho fome. Não consigo engolir mais nada.
– Chega! Não consigo engolir mais nada. - Digo ao descansar a colher no prato.
– Selena...
– Nicholas! - O interrompo ao ver seu olhar irritado. – Será que eu posso ficar um pouco sozinha ? - Peço e ele arregala os olhos. Sua expressão de completo horror me assusta. Oh, Deus! Será que eu falei alguma besteira?
– Quer ficar sozinha? - Sua voz sai em um sussurro sofrido. – Não me quer por perto ?
– O quê? Não... Eu não quis dizer isso. - Digo atônita com sua percepção. Suspiro diante do seu rosto contorcido em angústia. – Baby, senta aqui.. - Bato no colchão ao meu lado e ele o faz, depois de retirar a bandeja do meu colo. – É claro que eu te quero por perto. - Me viro um pouco para olhá-lo nos olhos. – Eu só não quero ficar brigando, sabe ... - Encolho os ombros. – E também, eu preciso pensar um pouco... - Paro ao vê-lo fechar o cenho.
– Pensar no Linc, não é ? - Rosna.
– Nicholas..
– Responda, Selena!
– Não é o que você está pensando.
– Ah, mas é claro que é. E já vou logo avisando: Você virá morar comigo! - Abro a boca para contestar, mas ele me impede, colocando um dedo sobre meus lábios. – Esse prédio não tem nenhuma segurança. Linc entrou sem ser anunciado e eu não quero que isso se repita. Não quero suas visitas rotineiras, ok ? - Diz irritado.
– Por que você tem tanta raiva dele se foi você quem errou primeiro ?
– Por isso mesmo. Ele não está atrás de você só para ser amiguinho.
– E se for só por isso mesmo ?
– Por Deus, Selena! Você não é tão ingênua assim..
– Estou só supondo. E se for só por amizade mesmo ? - Ele leva as mãos até seus cabelos, bagunçando-os em um ato exasperado. Fecha os olhos e, quando os abre novamente, me lança um olhar gélido.
– Eu não quero você perto dele. - Diz pausadamente.
– Porque não? Por mais estranho que pareça, eu não acho que ele queira algo além de amizade.
– Chega! Eu não quero você perto dele e pronto. - Ordena em voz alta.
– Mas...
– Será que você não ver que ele só quer se vingar de mim, roubando o que tenho de mais precioso na vida ? - Paro ao ouvir essa última frase. Sinto o nó se formar em minha garganta.
– Repete ? - Digo num fio de voz e sorrio feito uma boba.
Ele pega meu rosto entre suas mãos, aproxima seu rosto do meu e olha-me profundamente nos olhos.
– Selena, você é o bem mais precioso da minha vida e eu não vou deixar que filho da puta nenhum roube isso de mim. - Diz com sinceridade emanando de sua voz.
– Oh, baby! - Dou um selinho em seus lábios. – Ninguém tem essa capacidade. - O abraço apertado, acariciando suas costas. – Nunca se esqueça disso. Nada, nem ninguém irá me tirar de você. - Sinto-o respirar pesadamente e me agarrar com mais força.
– Ele já está conseguindo o que quer.
– O quê ? - Pergunto confusa.
– Está conseguindo fazer com que briguemos.
Me afasto um pouco para olhá-lo nos olhos.
– Tem razão.. não vamos brigar mais por isso, ok? - Ele assente de cabeça. Dou um beijo casto em seus lábios. – Mas já vou avisando: não irei morar com você e ponto.
– Ah, vai sim. Você vai ver.
– Não vou. - Me deito novamente na cama e ele me cobre com o edredom. Tento reprimir um bocejo, mas Nicholas parece perceber.
– Durma, baby! - Beija minha testa e em seguida meus lábios. – Tenha uma boa noite de sono. - Se agacha ao lado da cama e acaricia minha cabeça.
– Eu não estou com sono.
– Não minta para mim, Selena.
Não quero dormir! Se eu dormir, tenho certeza que será como antigamente. Meus pesadelos serão horríveis, cada vez mais real. Tento mudar de assunto, mas Nicholas insiste para que eu durma.
– Então deita comigo. - Me afasto para o lado e ele me olha cético. – Por favor...
– Sua cama é pequena para nós dois.
– Você já dormiu aqui antes. - Sorrio com as lembranças.
– Mas hoje você precisa de espaço e eu não quero te machucar, Selena.
– Você não vai me machucar.. - Faço beicinho, mas ele continua resistente. Desliza o olhar pelo meu corpo e nega com a cabeça, voltando a olhar em meus olhos em seguida. Droga! Porque será que está com tanto medo de me tocar? Será que está com nojo de mim? Oh, Não! Isso não. – Está com nojo de mim, baby ? - Pergunto num fio de voz. Seus olhos se alargam de tal maneira que chega a me assustar.
– Cristo! Não, Selena. Jamais terei nojo de você. - Diz, praticamente horrorizado. Permaneço a olhá-lo com ceticismo. Porque então não se deita? Com sua estranha habilidade de ler meus pensamentos, Nicholas bufa e se deita, preenchendo o lugar vago ao meu lado. – Vem cá, baby.. - Envolve minha cintura com seus braços, de modo que ficamos de frente um para o outro. – Agora dorme. - Levo uma mão até seus cabelos e os acaricio.
– Eu prefiro te olhar. - Sorrio e logo o seu sorriso se abre.
– Que bom saber disso, mas agora prefiro que você durma. - Insiste. Permaneço calada, diante de seu olhar inquisidor. Segundos depois ele aproxima o rosto do meu e sussurra: – Eu sei que você está com sono. Porque não quer dormir ? - Continuo a olhar para ele, sem emitir uma palavra se quer. O silêncio se apossa de nós dois e seguro firme para não fechar minhas pálpebras. O efeito do remédio já começa a dar indícios. De repente, minha atenção se volta para as sobrancelhas franzidas de Nicholas. Me estômago se contrai, logo que seus olhos se arregalam gradativamente. – Pesadelos! - A palavra sai de sua boca como uma enorme constatação.
– O quê ?
– Na primeira noite em que eu dormi aqui, você teve um pesadelo. Foi logo depois que inauguramos a minha sala de jogos. Claro... Agora tudo faz sentido! Minha sala de jogos fazia você se lembrar do seu trauma. Você teve pesadelos e agora está com medo de dormir depois de ... - Ele para de falar ao ver a confirmação em meu rosto. – Oh baby, eu não vou permitir que você tenha pesadelos. - Sorrio com seu jeito fofo. Jonas, no seu modo fofo é uma coisa rara de se ver. Sei que fala a verdade. Ele faria de tudo para que eu não tivesse um minuto se quer de dor, principalmente pesadelos.
– Eu sei disso, meu amor.
– Então dorme.
– Ai, como você gosta de mandar. - Digo com falsa reclamação, arrancando-nos sorrisos.
– Eu prefiro o termo ''ter controle sobre você''. E agora terei, mas do que nunca. - Paro de sorri.
– O-ou, eu não gostei disso. - Franzo minha testa.
– Eu sei.. Agora durma! - Finaliza o assunto, me puxando mais para si, deitando minha cabeça em seu peitoral.
– Mas..
– Sem mais, Selena. - Começa a acariciar minhas costas e assim não resisto mais, me deixo levar pelo efeito dos remédios e caio em um sono profundo. 


{...}


– Selly. - Ouço a voz de Nicholas me chamar.
– Hum.. - Resmungo ainda de olhos fechados.
– Acorda, baby. Já está tarde. - Um arrepio passa por minha espinha ao sentir os lábios de Nicholas em minha orelha, deixando um rastro de beijos por onde passa.
– Que horas são ? - Resmungo sonolenta.
– Já são 11hrs30 da manhã. Venha. - Não respondo e puxo o edredom até minha cabeça, tapando-me toda. Logo sinto um clarão em meu rosto, em sequência do puxão que Nicholas dá ao me descobrir.
– Eiii! - Reclamo e puxo o edredom de volta. – Me deixa dormir! - Ele puxa o edredom novamente e lanço um olhar furioso para ele.
– Levante! Tem gente à sua espera lá fora. - Me olha impassível.
– Quem ? - Pergunto confusa.
– Sou eu, meu amor. - Direciono meu olhar para a voz que vem da porta e logo as lágrimas brotam em meus olhos.
– Mãe. - Minha voz sai em um sussurro fraco.
– Oh, meu bebê. - Minha mãe se aproxima a passos largos, se jogando na cama em que estou e me abraça forte. Com isso, não seguro mais e irrompo em lágrimas e soluços audíveis. – Eu... eu... - Ela se cala e acaricia lentamente minhas costas.
Permanecemos assim por um longo tempo, até que meus soluços se dissolvem, juntamente com o choro. Me afasto um pouco e seco meus olhos com as mãos para vê-la melhor.
– Como você ficou sabendo ? - Pergunto ao notar que, apesar de tudo, eu não tinha ligado para ela.
– Bem, na verdade eu tomei um susto com um homem batendo em minha porta e informando ser da parte do senhor Jonas e que eu precisaria vir à Seattle com urgência. Imediatamente, você veio em minha mente e sem hesitar eu o acompanhei depois que ele pronunciou seu nome. Eu enlouqueci a cada minuto na vinda para cá. Quando pousamos no aeroporto, o tal senhor Jonas me esperava. Ele se apresentou como seu namorado e no caminho para cá ele me contou o que houve. - Olho para o lado, à procura de Nicholas e percebo que estamos sozinhas no quarto. Nicholas deve ter saído, enquanto eu praticamente desabava no colo da minha mãe. – Porque você escondeu que estava namorando ? Porque você não me ligou depois do que houve ? Porque escondeu isso de mim, filha ? - Ao voltar meu olhar para ela, noto uma mágoa nítida em seus olhos.
Abaixo a cabeça, me sentindo a pior pessoa do mundo. Como pude esconder o namoro com Nicholas de minha própria mãe ? Ela que sempre esteve comigo. Esfrego meu rosto com as mãos, fungando sem parar e volto a olhar para ela.
– Desculpa por não ter contado sobre Nicholas... Eu sei que eu errei e errei feito, mas é que.. é complicado. Eu.. eu .. - Me calo e espero alguma reação de sua parte. Ela me olha por um longo tempo parecendo avaliar-me, mas um sorriso brota no canto de seus lábios.
– Ele parece te amar muito. - Me encontro sorrindo como uma boba de repente.
– Eu sei. E eu também o amo muito..
– Oh, meu bebê está amando. - Diz emocionada e me abraça.
– Eu não sou mais um bebê, mãe. - Reclamo, sem deixar de sorrir.
Ela me chama assim desde que eu nasci e, apesar de eu lutar muito para ela parar com isso, sei que é inevitável.
– Eu vejo. Já está até namorando. - Diz em tom conspiratório e sorrio. Ela se afasta na distância de um braço, pega meu rosto em suas mãos e me olha nos olhos. – Mas, para mim sempre será meu bebê. - Diz resignada. Ela e Nicholas com essa mania. Eu não posso com esse dois mesmo.
Nos olhamos nos olhos por um longo tempo. Sei do que ela quer falar, mas sei também que está receosa. Parecendo perceber minha descoberta, Mandy balança os cabelos, abre mais um pouco o sorriso e começa a tagarelar, como sempre faz quando está nervosa. – Ah, seu pai está aí fora. Está louco para te ver. - Acho que o tamanho de meus olhos devem ter assustando-a, pois saiu correndo do quarto e voltou com Ricardo ao seu lado.
– Selzinha. - Ricardo brada.
Se aproximando de mim rapidamente, ele me abraça apertado, pegando-me completamente de surpresa. Percebo que sua aflição se dissipa um pouco assim que sua respiração sai pesadamente. Fecho meus olhos e aproveito da sensação que me toma de repente. Que saudade que estava de meus pais. Momentos depois, abro meus olhos com um sorriso bobo nos lábios e encontro o olhar emocionado de minha mãe. Me afasto um pouco para olhar para um dos homem que mais amo na vida.
– Pai. - Pego seu rosto em minhas mãos.
– Filha! - Ele encosta sua testa na minha. – Meus Deus, o que fizeram com minha garotinha... - Diz emocionado.
– Eu estou bem, pai.
Ele se afasta e me avalia com seus olhos expert de ex militar. Sorrio com seu gesto e pelo canto de olho, vejo que minha mãe também sorri.
– Ela está bem, Ricardo. Ela é forte! Ela é a nossa filha, esqueceu ? - Diz sorridente.
Sei que fala isso para apartar a angústia de Ricardo.
– Eu sei que ela é. Nossa filha é guerreira! Mas... um pai se preocupa com a própria filha. Ou será que nem isso eu posso mais ? -  resmunga, arrancando-nos sorrisos e beija minha testa ao se afastar um pouco. Minha mãe retruca e tento intervir, antes que eles briguem por minha causa.
– Ai, parem vocês dois né. - Faço bico, mas logo o desfaço quando meus olhos param em Nicholas, encostado na soleira da porta. Sorrio para ele em agradecimento. Até agora não acredito que ele foi capaz disso por mim. Ele corresponde o sorriso, só que o seu saindo timidamente. Meus pais parecem perceber nossa conexão, pois viram seus rostos na direção onde estou a olhar.
– Entre, Nicholas. - Minha mãe o chama e ele nega com a cabeça.
Ela bufa e vai até ele, o puxando para dentro do quarto em seguida. É, Jonas.. Com essa daí você não tem vez. Sorrio com meu pensamento e logo a conversa flui entre nós. Nicholas senta ao meu lado na cama, enquanto minha mãe senta-se a nossa frente. Meu pai permanece de pé, ao lado da cama. Apesar de me distrair um pouco com as conversas de minha mãe, não perco os olhares intimidantes que Ricardo lança à Nicholas. Este por sua vez, continua impassível, escondendo suas emoções assim como faz com todos. Momentos depois, minha mãe propõe fazer o almoço e, apesar de Nicholas querer pedir o almoço em um restaurante, ela sai do quarto avisando-nos que irá ao mercado, levando meu pai a tira colo consigo. Nicholas se vira para mim assim que ficamos a sós.
– É, sua mãe e bem... - Ele para e me olha com cautela. – Determinada. - Completa. Sorrio com esse fato.
– É, ela é assim mesmo.
– Você puxou isso dela. - Sorri.
– Só um pouco. Acho que ela parece ser mais mãe da Demi do que minha. - Solto uma risada e ele me acompanha.
– Falando em sua amiga, ela virá com minha familia mais tarde. Estão loucos para saber se você está bem. - Diz. Levo uma mão até seu rosto e o acaricio ternamente.
– Obrigada por ser esse homem maravilhoso para mim. - Aproximo meu rosto do seu, esfrego nossos narizes e sorrio, olhando-o nos olhos. – Não sei o que faria sem você. - Puxo seu rosto para um beijo lento e amoroso. Sinto meu coração palpitar assim que ele enlaça sua língua na minha, mas logo o som da campainha nos interrompe.
– Merda! - Nicholas grunhi ao separar os lábios dos meus. – Eu vou matar o infeliz que está a nos interromper. - Sorrio.
– Vai atender a porta. Enquanto isso vou me arrumar um pouco. - Me levanto da cama e sigo para o banheiro.
Paro em frente ao espelho e gelo quando meus olhos grudam no mesmo. Estou um horror completo. Meu pulso está enfaixado. Há uma mancha roxa no lado direito do meu rosto, perto da boca; um pequeno hematoma em minha maçã do rosto, abaixo do olho direito. Respiro fundo e começo a me despir. Fico mais horrorizada a cada mancha que aparece em meu corpo, assim que descubro uma camada de pele. Há pequenas manchas arroxeada, umas um pouco esverdeada já. Devem ser dá pancada que levei ao rolar as escadas.
Fecho meus olhos com firmeza, reprimindo uma lágrima. Porque isso sempre tem que acontecer ? Não desejo isso para ninguém, mas... porque comigo? Odeio essa sensação de impotência, de nojo, essa sensação que toma nossa mente, sentir-se violada. Aquele desgraçado! Ele tem que pagar por isso. E graças ao Jack, não houve dano maior. Não quero nem pensar o que seria de mim se ele concretizasse seu desejo. Se acontecesse tudo de novo. -Esquece isso, Selena! Você é forte!– Meu subconsciente dá as caras, mas dessa vez a meu favor.
Abro meus olhos e encaro meu reflexo no espelho. Palavras ditas por meus pais a poucas horas atrás rondam minha mente. A nossa filha é forte! Nossa filha é guerreira! Sorrio com a emoção em meu peito em ter meus pais e Nicholas próximos. Nicholas, o amor da minha vida. O cara que não saiu do meu lado hora nenhuma. Que trouxe meus pais, mesmo sem os conhecê-los. E apesar de sua cara impassível, sei que deve está apavorado com essa situação, já que nunca teve uma namorada. Nunca teve que lidar com isso antes. Eu realmente não sei o que fiz de tão bom para merecer um amor assim. Apoio meus punhos cerrados em cima da bancada e aproximo mais do espelho.
– Sim, eu sou forte! – Digo pra o meu reflexo. – E por vocês, superarei mais esse capítulo de minha vida. - Sorrio confiante e começo a escovar meus dentes. 

Saio de frente do espelho, quando noto a determinação em minha voz e entro no box. Começo meu banho tranquilamente, sorridente por ter meus amores a minha cerca. Me visto assim que saio do banho e, quando estou saindo do closet, ouço a voz exaltada de Nicholas vindo da sala. 


Assim que chego na sala, paro ao ver Jack pálido, com um buquê de flores nas mãos, encarando Nicholas.
– O que está acontecendo aqui ? - Falo, chamando a atenção dos dois para mim.
– Selly! Você está bem meu anjinho? - Jack irrompe a sala, vindo até a mim.
– Estou sim. - Falo enquanto ele me abraça várias vezes, dando beijinhos em meu rosto.
– Trouxe isso para você, gata. - Ele estende o buquê de rosas brancas para mim e o pego com carinho.
– Obrigada. - Sorrio em agradecimento. Pelo canto de olho vejo Nicholas bufando, à ponto de explodir.
– Bem, Selena eu vim aqui ver como você está e te dizer que não se preocupe com nada. Pode ficar em casa o tempo que precisar...
– ELA NÃO IRÁ VOLTAR PARA ESSA MERDA DE EDITORA TÃO CEDO. - O grito que Nicholas dá faz nós dois tremer. – Se era só isso que veio falar, já pode rir. - Completa, com nítida arrogância.
– O quê ? Como não ? - Jack arregala os olhos para mim. – Selly, eu preciso de você comigo. Eu sei..
– Dane-se o que você precisa! - Nicholas o interrompe novamente.
– Mas..
– Já disse. Agora FORA DAQUI!
– Nicholas! Pare de gritar.. - O repreendo, lançando um olhar de reprovação. Volto meu olhar para Jack, que está em estado de choque. – Continue a falar, Jack..
– Selena, eu sei que o que você sofreu foi horrível e só de lembrar o que fizeram com você, docinho, tenho vontade de esganar o infeliz. Mas.. mas eu preciso de você na editora. - Sua última frase sai como um sussurro desesperado.
– Jack, eu não sei ainda... Tenho que pensar um pouco. - Falo com incerteza e ele bufa.
– Eu não aceito sua demissão, docinho. Eu estarei de partida para a Nova York daqui um mês....
– O quê ? - Dessa vez sou eu que interrompo-o.
– Estou sendo transferido para a filial que a SIP está abrindo na cidade e...
– E?
– E eu pensei em você para ocupar o meu cargo aqui em Seattle.
– Como assim ? Não, eu não posso.. não tenho experiência para isso. - Falo entrando em pânico. Ele agarra-me pelos braços, puxando minha atenção de volta para si.
– Hey, não precisa me dar a resposta agora, docinho. Se quiser, tire essa semana para você e quando você voltar a gente conversa, ok ? Você é uma menina talentosa, Selena. Vejo seu trabalho e seu esforço. - Seu sorriso sincero faz com que eu assinta de cabeça. – Bem, agora vou deixar você com seu macho alfa. Menina sortuda, que homem mais belo e furioso você tem. - Sussurra só para mim ouvir e reprimo uma gargalhada.
Agora não tenho mais dúvida de que Jack é gay. Tudo bem que quando nos encontramos para a happy hour uma vez, ele estava todo afeminado, jogando mãozinhas para tudo que é lado, mas falar da beleza de um homem... Isso é novo para mim. Que estranho! Ele beija minha testa, sob os profundos suspiro irritados de Nicholas, e se vira para ir embora, mas antes para diante do meu amado controlador.
– Calminha, bonitão! O senhor está muito estressado. Está precisando de um pouco mais de diversão. - Pisca para um Nicholas embasbacado e segue para a porta.
Nicholas fecha a porta a trás dele e se vira para mim.
– Devo ficar com ciúmes? - Cruzo os braços na altura de meus peitos e franzo o cenho, tentando parecer o mais séria possível.
Pela primeira vez, vejo Nicholas totalmente sem graça. Não consigo mais me conter e solto uma enorme gargalhada, de jogar a cabeça para trás. Ele abaixa o olhar, se aproxima de mim e para na minha frente.
– Não tem graça. - Diz.
– Ah, tem sim... Na verdade não sei se devo rir ou me enfurecer com esse pequeno flerte. - Digo entre risos. – Garanhão. - Dessa vez ele abre um sorrisinho de canto.
Sigo para o interfone logo que ele começa a tocar.
– Entrega para a senhorita Gomez - Diz o homem do outro lado da linha.
Libero sua entrada e logo um entregador com um enorme buquê de girassóis está parado no vão de minha porta. Assino o papel de entrega e pego o buquê, fechando a porta atrás de mim.
– De quem é isso ? - Nicholas pergunta com a sobrancelha levemente franzida.
Dou de ombros e pego o cartão, posto no meio das flores.

"Para minha doce menina. 
Espero que esteja bem melhor hoje.
Com carinho..
Lincoln Timber ''




Comentários... :)

Creditos Angel 


2 comentários:

  1. Cara só eu que acho que esse Lincon é o pai da Selly??
    Continua porque a tua fic é demais

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